Pedrão conversando!

Tal mãe, tal pai, tal filho

Dizem que o Pedro é a cara do pai, mas tem meus olhos, minha boca e meu queixo. Enfim, ele tem a cabeça e o nariz do pai, o que faz dele “a cara do pai”. Ele é calorento como o pai, dorme de bruços com os braços embaixo do travesseiro, como eu. Acorda se espreguiçando e tem alguns segundos de péssimo humor, então começa a rir. Como eu. É viciado em televisão, como o pai. E gosta de ir pra rua como eu, gosta de bateria como o pai. E fica muito estressado quando com fome, adivinha quem é assim?

É muito fácil identificar características nossas no Pedro. E quando ele crescer, será que vou me reconhecer no meu filho?

Será que ele vai gostar tanto de ler? Será que vai ter talento pra escrever? E vai gostar tanto de analisar letras de músicas, e vai ser tão crítico, ácido, sarcástico? Vai gostar de animais, vai se preocupar com o meio ambiente, vai ser curioso e, ao mesmo tempo, tão despreocupado? Será que vai gostar tanto de se apaixonar, e vai se apaixonar todo dia pelas mesmas pessoas e coisas? Vai gostar de cozinhar, de conversar, de pesquisar, de se exercitar, de mudar?

E, será que depois disso tudo, depois de crescer e formar sua personalidade, será... Ó Zeus, será que ele vai se reconhecer, ainda que um pouquinho só, em mim?

Medo?

Uma pessoa muito importante na minha vida acaba de me dizer “filhos me dão medo”.
Não, meu amigo. Filhos te dão uma coragem dos diabos. Coragem de correr atrás das coisas que antes pareciam inatingíveis, só pra depois poder dizer “viu só, meu filho, o que eu consegui?”.
Coragem de plantar árvores, escrever livros, lutar pelos sonhos que um dia podem ser sonhos do teu filho.
Medo? Não, meu amigo. Filhos te dão ânimo! De sair, de aprender, de tentar, de fazer. Nada de medo, nada disso. Filhos te tiram o tempo, não sobra nadica pra ter medo.
E medo de quê? Você agora tem coragem por dois, sonhos por dois, trabalha por dois, ânimo por dois, curiosidade por dois. E, te garanto, felicidade por milhões!

Coisas pra fazer daqui pra frente

Passado esse furor de Copa do Mundo e festas juninas, tenho pensado nas coisas que não dou a menor bola mas que pretendo fazer com o Pedro. Ou por ele.
Até já falei com as vizinhas que têm filhos pequenos – e são várias aqui na rua – pra, na próxima Copa, a gente enfeitar a rua e juntar as crianças pra assistir. Torcida uniformizada e tudo, não vai ser muito fofo?
Pro ano que vem a gente vai enfeitar a rua pras festas juninas, que aqui são bem comemoradas, o povo adora! Já que são vários bebês na vizinhança, ano que vem vai ser uma tropinha divertida!
Aí comecei a pensar em coisas mais ‘família’, tipo Natal. Nunca dei bola pra arrumação da casa até eu ter a minha casa. E agora, com criança em casa, me deu uma vontade muito grande de montar árvore de Natal, ajeitar os presentes em volta, colocar coisinhas natalinas nas portas e janelas. EU não dou bola, mas tenho que dar o direito de escolha pro Pedro. Sei lá, umas gravuras de um Papai Noel mais adequado à nossa realidade de sul da Bahia... Um negão de bermuda e regata, chinelo de dedo e boné. Nada daquele tiozinho rosado e gordo, morrendo de frio, calçando botas. Nada daquela ceia baseada nos costumes do hemisfério norte, nada de frutas secas e nozes. Pra que fruta seca se a gente mora no Brasil? Quem sabe um churrasco pra reunir a galera, quem sabe um peixe assado pra uma festinha menor. Muitas frutas da época, suco pras crianças e cerveja gelada pros adultos.
E bolo de chocolate, porque todo mundo gosta!